Preciso voltar ao lugar comum e mencionar o sentimento de solidariedade que acorre a população brasileira nestas horas. O estado de Santa Catarina sofreu nestes dias uma catástrofe natural de proporções inusitadas. Até hoje (terça, 22hs) já se tem 85 mortos e os desabrigados, aos milhares nem podem ser estimados, já que a minoria está em abrigos públicos e consegue registrar seu drama. Cidades isoladas, falta de víveres, interrupção da rede de gás e de energia elétrica são algumas das agruras pelas quais estão passando a parcela mais vulnerável da população. Há áreas "nobres" também afetadas, mas estes têm como arcar com os altos custos de sua proteção. Alguns vão para hotéis na sua ou em outra cidade e têm condições de refazer suas vidas em pouco tempo depois do ocorrido. Isto não significa que a tragédia lhes poupe, mas seu fardo é muito mais leve. Mas esta é outra questão.
O que sempre me toca nestas circunstâncias não é tanto o drama das vítimas das enchentes, ou de outras catástrofes equivalentes, quanto as expressões da solidariedade daqueles que os socorrem. Não dos que apenas enviam donativos, se bem que isso seja muito valioso, mas sim daqueles que cumprem o papel insubstituível do trabalho no resgate e abrigamento das vítimas. Tanto os que o fazem profissionalmente, quanto os se oferecem gratuitamente para este serviço.
O arrivismo, tão comum nestes tempos, abre alas e ressurgem as pessoas que se deixam mover pela fragilidade da vida humana. Não se escondem atrás de justificativas políticas ou religiosas e compreendem a urgência da intervenção organizada, da cooperação e da generosidade humana. Sempre há os que o fazem na perspectiva mesquinha do herói. Uma espécie de vaidade que supera qualquer oferta de apoio. O herói sempre busca o reconhecimento, honrarias ou, o que é pior, empoderamento para fins religiosos, partidários ou quaisquer outros.
A solidariedade não admite medição, não é negócio. Ela apenas e tão somente admite no outro o ser humano que também sou. Sofre nele e empenha suas forças contra o inimigo comum. A solidariedade não faz pelo "outro", ela faz por nós! E isso é muito mais...
2 comentários:
Meu caro, devo dizer-lhe que o que me comove é mesm,o o sofrimento daqueles que sofrem a tragédia, que vêem suas vidas levadas pela água ou enterradas num lamaçal.Estes outros, os que se comovem, têm sim, mais uma oportunidade de reavivarem sua humanidade e saem da situação se considerando melhores seres humanos do que eram antes.
Parabéns, caro colega, gostei da mensagem.
A fragilidade humana, nessa hora, comove muitos.
Postar um comentário