
sábado, 20 de dezembro de 2008
Algumas Fotos

terça-feira, 2 de dezembro de 2008
COMEÇAR DE NOVO
Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome"
Nota do Chicão:
O sofrimento é uma oportunidade. Algumas pessoas pessoas precisam passar por situações radicais para superarem seus preconceitos.
A gratidão e o serviço são formas de fazermos estas mudanças sem precisarmos do sofrimento.
Alguns usam o sofrimento para reafirmarem seus preconceitos.
Alguns usam seus sofrimentos para nascerem de novo em vida.
A pessoa que escreveu o texto acima renasceu, começou de novo.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Chuva sobre Santa Catarina!
Preciso voltar ao lugar comum e mencionar o sentimento de solidariedade que acorre a população brasileira nestas horas. O estado de Santa Catarina sofreu nestes dias uma catástrofe natural de proporções inusitadas. Até hoje (terça, 22hs) já se tem 85 mortos e os desabrigados, aos milhares nem podem ser estimados, já que a minoria está em abrigos públicos e consegue registrar seu drama. Cidades isoladas, falta de víveres, interrupção da rede de gás e de energia elétrica são algumas das agruras pelas quais estão passando a parcela mais vulnerável da população. Há áreas "nobres" também afetadas, mas estes têm como arcar com os altos custos de sua proteção. Alguns vão para hotéis na sua ou em outra cidade e têm condições de refazer suas vidas em pouco tempo depois do ocorrido. Isto não significa que a tragédia lhes poupe, mas seu fardo é muito mais leve. Mas esta é outra questão.
O que sempre me toca nestas circunstâncias não é tanto o drama das vítimas das enchentes, ou de outras catástrofes equivalentes, quanto as expressões da solidariedade daqueles que os socorrem. Não dos que apenas enviam donativos, se bem que isso seja muito valioso, mas sim daqueles que cumprem o papel insubstituível do trabalho no resgate e abrigamento das vítimas. Tanto os que o fazem profissionalmente, quanto os se oferecem gratuitamente para este serviço.
O arrivismo, tão comum nestes tempos, abre alas e ressurgem as pessoas que se deixam mover pela fragilidade da vida humana. Não se escondem atrás de justificativas políticas ou religiosas e compreendem a urgência da intervenção organizada, da cooperação e da generosidade humana. Sempre há os que o fazem na perspectiva mesquinha do herói. Uma espécie de vaidade que supera qualquer oferta de apoio. O herói sempre busca o reconhecimento, honrarias ou, o que é pior, empoderamento para fins religiosos, partidários ou quaisquer outros.
A solidariedade não admite medição, não é negócio. Ela apenas e tão somente admite no outro o ser humano que também sou. Sofre nele e empenha suas forças contra o inimigo comum. A solidariedade não faz pelo "outro", ela faz por nós! E isso é muito mais...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Me deu saudades do "Ardiloso"
Minha avó era uma pessoa fantástica. Sem dúvida está entre as pessoas mais admiráveis que já conheci. A mãe velha, como a chamávamos, foi uma matriarca doce e forte, que sempre tinha uma frase de efeito pronta para proferir. Os ditados, o conselhos, os discursos eloqüentes eram uma marca de todos os seus diálogos. Criou 15 filhos com toda a lágrima e suor que pôde suportar.
Não foram tempos fáceis, isto tenho certeza. Apesar de ter não testemunhado a etapa mais dura de sua vida, os depoimentos da época dão conta de uma vida sofrida, que só uma religiosidade fervorosa como a dela, para acalantar.
Dentre os vários momentos inesquecíveis do convívio com ela, me recordei agora do Ardiloso. Por incrível que pareça esse era o nome de um velho cachorro preto da casa da mãe velha, quando ela ainda morava em São Joaquim. Não tenho idéia de onde tiraram um nome tão pomposo para o animal. Uma família de poucos estudos e linguagem limitada, mas que sacou uma palavra tão pouco usual para designar o companheiro das lidas campeiras. O Ardiloso ajudava a buscar as vacas para a ordenha, brincava com as crianças - que sempre eram muitas, e bem cumpria seu papel de cachorro campeiro, até o final de seus dias. Era um cachorro velho, nem sempre tinha energia para acompanhar o ritmo da criançada.
Ao sentir saudades do Ardiloso, mais que o cão, acende em mim a imagem da criança que fui - e que fomos todos nós, e do aconchego que sentíamos na casa da mãe velha - que falta ela nos faz...
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A Credibilidade da Polícia Federal Subiu no Telhado
A decepção é um sentimento cruel! Ela escracha o quanto tínhamos uma expectativa superior à realidade. É o que acontece nestes dias com a Polícia Federal, infelizmente. Ontem ela realizou uma operação de busca e apreensão nas residências dos policiais envolvidos com a Operação Satiagraha supostamente procurando provas de vazamento de informações. O Delegado Protógenes foi um dos alvos da chamada operação G, alusão clara ao Supremo Presidente Gilmar Mendes, a quem a PF assumiu assim estar a serviço. Um Procurador da Justiça Federal manifestou-se contra a busca e apreensão, mas isso não foi suficiente. Com a autorização de um juiz prá lá de suspeito, a devassa foi realizada.
Fazer uma busca e apreensão não é condenar alguém e, por si, não deve ter tomada como punição. Acontece que este é um caso especial. Todos sabem da celeuma que existe em torno da operação que resultou na prisão e soltura, e prisão e soltura de Daniel Dantas. Hoje está acontecendo o julgamento do famoso Habeas Corpus do Super G, o inimigo implacável dos 3P.
Ao desencadear esta operação nas vésperas da decisão do Supremo, a PF deu um eloqüente recado aos ministros, a toda a imprensa e a quem esteja atento aos desdobramentos deste episódio. É uma tentativa clara de influenciar na decisão dos ministros ao enfatizar a possibilidade de ter ocorrido vazamentos ilegais, o que reforça os argumentos da defesa de Dantas, de que havia uma perseguição política e não uma investigação policial.
Sabe com quem está falando? Este deveria ser o nome da operação. Se bem que Operação G foi um bom nome porque desnuda de vez quem está mandando, se é que restavam dúvidas a alguém.
É lamentável! A Polícia Federal vinha dando mostras de ser uma instituição que realmente punha os interesses dos contribuintes acima das articulações de bastidores, ao menos na maioria das situações. Agora, o que havia acumulado de credibilidade nestes últimos anos se foi... Não resistiu ao poderio econômico da quadrilha de Dantas e à vaidade desmedida do Super G.
Ainda tenho a esperança de outro final para essa história, onde prevaleça o cumprimento das leis e os devedores arquem com as conseqüências de seus atos. Sei que há uma boa dose de ingenuidade nessa minha expectativa mas é uma maneira de manifestar meu inconformismo com a situação. Não é uma esperança estática. É apenas a margem para que não nos resignemos diante da perda desta trincheira.
Claro que a política não se restringe à probidade, mas esse é um elemento essencial para que se possa trabalhá-la em sua grandeza. Precisamos de uma PF forte e republicana para que nos dediquemos finalmente à política... Este episódio deixou este momento ainda mais distante.
Vamos ver o que o Supremo decide hoje, se bem que dificilmente colocariam seu Presidente na situação constrangedora de ter seu ato anulado. O Ministro Joaquim Barbosa, que certamente votaria contra, foi convidado a evento nos Estados Unidos, coincidentemente na mesma semana da votação... No caso do Supremo derrubar a liminar do Super G, só restaria a ele renunciar, isto é, se lhe restasse uma gota de dignidade, o que duvido muito. Aguardemos...
terça-feira, 28 de outubro de 2008
A Crise Econômica Vista Mais do Alto
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Girando no Redemoinho: Até onde vai parar a crise econômica?
A maioria de meus amigos não tem conhecimento para entender a dinâmica da atual crise econômica. Eu também não tenho formação suficiente para compreender a totalidade. Apenas estou me esforçando para acompanhar os movimentos principais e ensaiar alguns raciocínios sobre o assunto, a partir da leitura de análises especializadas. Assim, vale a ressalva, as questões que aponto sobre o assunto, são limitadas à fragilidade do blogueiro. Mesmo assim, se lhe interessa esta forma de ler o mundo, eu faço questão de disponibilizá-la. Fique à vontade.
No último final de semana acompanhamos atentos, um movimento histórico de lideranças de Estados reunidos para articular providências. O sobe e desce das bolsas estão causando vertigem a quem está prestando atenção nisso. Por mais que se façam esforços para entender ou prever movimentos, as explicações estão sendo sempre insuficiente para apontar uma saída. O anúncio de que os Países comprariam ativos dos bancos em dificuldade gerou uma grande euforia no início da semana a ponto de alguns já ensaiassem “o pior já passou”... A nova queda geral mostrou a fugacidade das medidas tomadas. Não adianta injetar capital. Se não houver alteração na lógica que está regendo o mercado, os resultados serão pífios. O fato de terem mais capital para aplicar, não convence alguém a fazê-lo. É preciso que ele tenha a confiança que aplicando ele terá um resultado melhor do que se segurar seus recursos. Segurar, neste caso, significa comprar títulos da dívida pública, por exemplo, que é um tipo de aplicação “no governo” e não na produção. Os altos juros pagos pelo Poder Público incentivam este tipo de compra. Ocorre que assim a roda não gira... Há queda na produção e no consumo e acontece o que se pode chamar de recessão.
O poder de decisão sobre a aplicação dos capitais é dogma no atual sistema econômico e enquanto isso permanece, a economia fica reduzida a um cassino onde o alvo é maximizar o lucro, sem absolutamente nenhum compromisso com o reflexo disso na realidade... Ainda ontem um fato importante sobre isso: empresários e o governo holandês pediram ao Conselho da Comunidade Comum Européia que flexibilizasse (leia-se reduzisse) os limites à emissão de gases que comprometem a camada de ozônio. Sarkozy, que neste momento acumula a França e a Comunidade Comum, respondeu com uma elegância espantosa que os danos econômicos, mais cedo ou mais tarde serão reparados. Os danos à camada de ozônio são permanentes e por isso não é possível flexibilizar. As metas estabelecidas em acordos da Comunidade Comum exigem pesados investimentos no combate à poluição e aprimoramento dos processos produtivos que ficaram mais difíceis no momento. Se permitisse, o conselho estaria jogando para as gerações futuras a conta pelos erros da presente e da passada. Deixaríamos o mundo ainda mais degradado em troca de mais recursos no presente para lançar na fogueira da especulação.
Estamos todos observando por dentro o rodar de um redemoinho. Não temos forças acumuladas para superar o modelo capitalista. Ele nunca respondeu suficientemente às demandas humanas mas, por muitos anos se conseguiu empurrar o problema mais para frente, como se isso fosse sempre possível. Parecem as tais correntes da fortuna, em que todos continuarão ganhando enquanto encontrarem novos adeptos. Só que um dia isso não dá mais certo... A progressão geométrica não é infinita, neste caso, porque no limite exigiria que o cachorro mordesse o próprio rabo. O espírito competitivo, que é pregado como a essência desse jogo, é seu próprio veneno. Não cabem todos no topo porque neste caso ele deixaria de ser topo. Muitos tem que perder para alguém ganhar, senão não há competitividade, haveria é partilha. Sendo um jogo, uma competição, ele se caracteriza pela perda da maioria e não pela vitória de uns poucos. Isso é só uma questão de onde se vê o mesmo fenômeno. Se vir do ponto de vista da maioria, que equivale a ver o mundo do ponto de vista popular, competir é promover a derrota da maioria!
Por que diabos assumiríamos o ponto de vista do vencedor? Quem nos autoriza a tamanha arrogância? Ou seria apenas uma aposta alta, de quem espera estar no lado privilegiado da balança, e não é dotado de nenhum escrúpulo?
O mais provável é que haja uma re-acomodação do capital, sem alterar a lógica. Como sabemos, não temos elementos na conjuntura que mostrem forças para uma reversão. Trata-se tão somente de uma crise nesta lógica, mas não convém subestimar sua capacidade de encontrar saídas repassando as perdas para os trabalhadores, como sempre... Pouco podemos fazer, mas convém estarmos atentos. O pior cenário é aquele do qual não tomamos conhecimento. Certamente nossos interesses estarão ainda mais ameaçados.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Qual o tamanho do rombo?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Prá aliviar um Poema de Thiago de Melo
para trabalhar cantando
na construção da manhã.
Reparto a minha esperança
e canto a clara certeza
da vida nova que vem.
Um dia, a cordilheira em fogo,
quase calaram para sempre
o meu coração de companheiro.
Mas atravessei o incêndio
e continuo a cantar.
Ganhei sofrendo a certeza
de que o mundo não é só meu.
Mais que viver, o que importa
é trabalhar na mudança
(antes que a vida apodreça)
do que é preciso mudar.
Cada um na sua vez,
cada qual no seu lugar.
Domingo é dia de Eleições Municipais
Foi-se o tempo em que isso significava um dia festivo... Na verdade nem sei se alguma vez realmente teve este sentido. Ouvi relatos de algumas pessoas que dão conta disto, mas outras também sempre fizeram o argumento contrário. De qualquer maneira, hoje as eleições têm um sentido bastante diferente do que tinham a vinte anos atrás, que é o período a que posso me referir com certa segurança.
As ideologias hoje são ainda mais fortes e necessárias do que outrora, os partidos é que estão distantes delas. A disputa pelos melhores projetos fica restrita às realizações administrativas, como se se tratasse de administrar um condomínio. O próprio TSE contribuiu com esse entendimento - a meu ver equivocado - com as propagandas dos 4 anos. Afinal de contas, se considerarmos que se trata de um projeto político sendo direcionado a partir da máquina pública, não serão 4 anos comprometidos, será todo o futuro. Suas piadinhas e brincadeiras reforçaram ainda mais a noção de que se trata de administrar o município.
O tema da corrupção, apesar da dimensão, não é o mais importante. Esse, aliás, deverá ser um legado da crise da economia estadunidense. Não foi por corrupção que as coisas chegaram a tal ponto. Foram as próprias regras do jogo chamado "neoliberalismo" que possibilitaram a ciranda de ganhos fáceis que faz estourar a bomba na mãos dos outros. Lembra aquela brincadeira de escola onde um colega ficava de costas com um apito pronto para soprar enquanto um objeto era repassado de mão em mão. O divertimento está em que ele passe pela sua mão mas estoure. Se ficasse apenas em um canto da roda, todos iriam reclamar afinal, queremos o "lucro" desta ciranda. Há muitos especuladores que ganharam e continuam ganhando com o giro das engrenagens, mesmo que isso cause o esmagamento de outros. O importante é que o estouro aconteça em outras mãos.
Voltando às eleições, muitos estão escolhendo seus candidatos na base da honestidade. Isso é lamentável. Alguns chegam a afirmar que na política não há isso de honestidade e que seria ingenuidade esperar que haja. Esse é o melhor raciocínio para aqueles que pretendem colocar a máquina pública a serviço de seus interesses particulares. Nivelar por baixo, esse é o serviço que tem prestado o jornalismo histérico, chamado "neocom", que bate na mesa, grita e despeja frases de efeito acusando a falta de escrúpulos de grande parte dos gestores públicos. A corrupção, a meu ver, nem deve ser assunto de tanto debate. Deve ser tratado com sobriedade e fortalecimento dos mecanismos de investigação policial e aplicação da justiça, coisa que tem sido tão difícil nestes tempos de Supremo Presidente.
O que merece debate realmente é a política, no sentido nobre de direcionamento de nossa cidade e, por implicação, nosso estado e país. Podemos falar até da geopolítica, enquanto implicação das decisões locais, neste mundo cada vez mais integrado dialeticamente.
Mais que saber quem vai construir isto ou aquilo, me importa saber como será definida a chamada "vocação econômica" do município, por exemplo. Vamos continuar insistindo na velha estratégia de atrair grandes empresas para gerar empregos, ou pensar alternativas para que os munícipes criem autonomamente suas rendas? Vamos aprimorar as vias para fazer fluir a infinita frota de veículos ou do transporte coletivo, ou ainda, rever o mapa da mobilidade urbana, propondo que as pessoas não precisem de tantos e tão distantes deslocamentos? Vamos investir em grandes espaços e equipamentos de lazer ou educar as pessoas para que gerenciem melhor seu tempo, a ponto de terem espaço para a fruição, cada qual a seu gosto? Vamos aplicar nossos tão suados recursos em locais para espetáculos - a moda das arenas "multiusos" - transformando cada vez mais os cidadãos em "consumidores" de cultura ou difundir a noção de que todos somos observadores e produtores de cultura no cotidiano e que precisamos apenas aprender a identificar e valorizar nossas obras culturais?
Alguém poderá argumentar que não se trata de dicotomizar estas alternativas, mas realizá-las simultaneamente. Muitas delas podem e devem ser realizadas ao mesmo tempo mas, e isso é duro, temos sempre que definir prioridades. Isto se dá não apenas pela escassez de recursos mas porque isso define a direção. Mesmo tendo ambas realizadas, qual deve ser considerada publicamente a mais importante? Qual deve orientar nosso desenvolvimento? Não adianta tentar fugir das escolhas pelo caminho fácil do ecletismo e da conciliação. Há definições políticas a serem tomadas e elas não valem 4 anos...
É fato, por outro lado, que o direcionamento político não se dá exclusivamente pela via das eleições. Qualquer que sejam os eleitos, precisa de uma base de governabilidade, que não é apenas parlamentar. Trata-se do respaldo às suas decisões que passa pelos poderes constituídos (legislativo, executivo e judiciário), mas reside eminentemente nas forças vivas da sociedade, sejam elas ancoradas no poder econômico (empresariado), informacional (meios de comunicação) ou de mobilização social. Quem escolhe seu conselheiro, escolhe seu conselho... Dependendo de onde se apoiar já estará demarcado que interesses estará defendendo.
Quem dera pudéssemos investir nossas energias apenas no fazer político inter-relacional. Temos também que eleger gestores públicos para o executivo e o parlamento e isso pode comprometer completamente a política. Ficamos reféns de disputas pela máquina pública que, muitas vezes, passa longe da política. Este pode não ser o mundo que queremos, mas é o que temos e precisamos lidar com ele como ele é... Assim, nos resta escolher partidos e candidatos! Não é grande coisa, mas é um papel que nos cabe. Vamos a ele... Bom voto a todos.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
A Crise Financeira Seria o Prelúdio do Esgotamento da Hegemonia Estadunidense?
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
¿ Porque no te callas Gilmar Mendes ?

terça-feira, 2 de setembro de 2008
Mais Uma Vez o Supremo Presidente Fazendo das Suas
Suponhamos que o próprio Senador Demostenes, que aparece em posição elogiosa junto ao ministro no diálogo telefônico divulgado pela Veja, seja o autor da gravação. O sistema de telefonia do senado permite isso perfeitamente, como em breve divulgará toda a imprensa. Depois disso ele mesmo, para "repercutir" sua influência junto ao supremo fizesse vazar a gravação para a revista. Esta hipótese pode muito bem ter ocorrido já que a revista manterá até o fim o sigilo de sua fonte, que é uma garantia do jornalismo. Isso bastou para Lula engolir a pecha de menino traquino a quem o Supremo Presidente "chama às falas". Que Gilmar Mendes tente isso é razoável, mas que Lula e todas as raposas políticas que o cercam aceitem isso, é impressionante. Novamente citando PHA, "de que Lula tem medo?" Deve ser algo muito grave para que ele se deixe envergar a tal ponto. Há questões muito mais graves na conjuntura e o presidente se deixa manipular para enaltecer Gilmar Mendes - com sua cara de tristeza - e fornece a pauta para todos os meios de comunicação sedentos por escandalos que desgastem o gorveno. Mesmo que o grampo tenha partido da ABIN, o que acho pouco provável, o fato político não foi a ordem para que se investigue o caso ou o afastamento do Paulo Lacerda, que merece a pressunção de inocência. A reunião onde Lula levou, segundo a versão presumida e propagada, uma carraspana do Supremo Presidente é que é a verdadeira crise institucional. Escracha a fragilizade absoluta da instituição presidencial que deveria usar o trocadilho e mandar "às favas quem lhe chamasse às falas". Mas Lula é um fraco para isso, infelizmente!
domingo, 31 de agosto de 2008
Manuel Bandeira - imperdível!!
Auto-retrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico* profissional.
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.)
(*) tísico=tuberculoso
A Guernica de Picasso em 3D
Com a aceleração tecnológica é razoável que o quadro não gere hoje o mesmo impacto da época, exceto para quem se disponha a se sensibilizar com a arte, o que tem sido cada vez mais raro. Um grupo de artistas, armados com as ferramentas tecnológicas de hoje, recriou o quadro em 3D, acopanhado de uma música igualmente cruel, e conseguiu para ressucitar sua força aos olhos mais brutos. A dica saiu no Blog do Nassif, mas reproduzo aqui, tentando multiplicar a emoção. Clique aqui
sábado, 9 de agosto de 2008
A Doação Casada e o FIA
Infelizmente a posição da maioria dos conselheiros ainda é favorável a esta forma de prostituição dos Conselhos de Direitos. Esta é uma questão delicada e exige uma discussão atenta. No evento realizado em Curitiba nesta semana, o Fórum DCA de Santa Catarina expressou sua posição contrária e os Fóruns do RS e PR foram favoráveis, ainda que pretendam aprimorar a regulamentação.
A história, em síntese é a seguinte: O fundo é responsabilidade dos conselhos de direitos. Estes são compostos paritariamente por representantes do poder público e das entidades vinculadas ao tema, em cada âmbito de governo. Para escolher estas entidades, há uma assembléia do Fórum DCA. Os recursos dos tais fundos são compostos por verbas do próprio poder executivo, de multas por crimes e infrações administrativas cometidas contra os direitos e, ainda, por "doações incentivadas" do imposto de renda. Neste último mora a questão em debate.
Pessoas físicas podem depositar no FIA até 6% de seu imposto devido e pessoas jurídicas até 1% do imposto devido. Vale frisar, do "imposto devido", isto é, a expressão doação não é a mais adequada, melhor seria dizermos, "destinação". A lei, entretanto, usa a expressão doação incentivada.
A decisão sobre a utilização desta verba deve ser do conselho, que deve ter sido democraticamente constituído e é composto por pessoas supostamente capacitadas para a função.
Ocorre que muitas entidades procuram diretamente empresas em busca de doações e estas querem fazê-lo sem que isso saia do seu bolso. Por isso querem que o recurso passe pelo fundo, apenas para gerar a dedução integral do valor, no imposto devido da empresa. Em síntese, querem doar com o dinheiro dos outros, neste caso, dinheiro público!
Nem entremos nos interesses escusos que muitas vezes motivam essas doações. Mesmo que hajam os mais honestos interesses, porque motivos reconheceríamos o direito de um empresário direcionar o uso de recursos que não seriam seus? É o conselho que tem esse papel!
Alegam, os defensores desta modalidade, que essa é a forma de obterem recursos em seus fundos, que do contrário não conseguiriam. Esse argumento, que é verdadeiro, é a prova de que se trata de prostituição! Vários lugares, quando começaram as doaçães casadas passaram a ter umm saldo altíssimo em seus fundos, que antes não tinham. Há entidades que contratam equipes para captar recursos nas empresas, usando o canal dos conselhos através deste sistema.
Há diversos problemas nisso, vou abordar agora apenas alguns deles. Seguindo este modelo, as entidades mais bem estruturadas, com equipes bem montadas e com contatos com as elites econômicas, obterão mais verbas e continuarão crescendo. Aquelas que estão em maior precariedade, nem equipe qualificada tem, mas realizam um trabalho sério nas comunidades, jamais receberão recursos. O conselho avalizaria essa injustiça!
Alguns propuseram, e a resolução do CONANDA contém essa proposta, uma meia sola: o conselho reteria um percentual (20 ou 30%) para fazer o uso que bem entenda e com isso beneficiaria as entidades mais precárias. Essa é uma situação patética! Parece o argumento usado uma vez pelo Paulo Maluf em defesa da pena de morte para o estupro seguido de morte, quando ele disse a pérola: "Quer estuprar, estupra, mas não mata!"
A proposta do CONANDA contém ainda uma sistemática pela qual o conselho elaboraria um documento com as linhas de ação prioritárias e, baseadas nele, as entidades elaborariam projetos. Os projetos que atingissem determinado grau de qualidade e atendessem ao critério do conselho, receberiam a "chancela" para captar recursos na iniciativa privada, aos moldes das leis da cultura. Essa é apenas a sofisticação do mesmo processo. Na cultura já uma lástima, vamos repetir o erro no FIA? Vejam a dificuldade que tem um grupo cultural iniciante para elaborar o projeto e conseguir um selo da lei Roanet e depois mendigar recursos nas empresas. Provavelmente não conseguirão, apesar da qualidade e da importância do que façam. O empresário está com o poder de escolher a alternativa cultural que será beneficiada com recursos que não são seus, são públicos. Depois disso observem a facilidade de qualquer ator global para obter recursos via lei Roanet. Independente da qualidade do trabalho destes, é inegável que dará muito mais visibilidade ao apoiador, que é seu objetivo. Fazer isso com projetos sociais é um crime gravíssimo que não pode ser tolerado!
Não estou me referindo a eventuais desvios que tanto uma como outra forma podem ter. Trata-se do próprio modelo que legitima a interferência da iniciativa privada numa decisão pública a ser financiada com verba pública. Se o empresário quiser apoiar um projeto, ou uma entidade específica, que o faça e isto deve ser bastante valorizado. Ocorre que deve fazê-lo do próprio bolso e não com o recurso público!
É lamentável que o CONANDA e muitos outros conselhos se deixem seduzir pelo aceno da sereia da doação casada e abram mão do poder que legitimamente lhes foi outorgado. Definir linhas de ação e prioridades é só o começo do processo. Os conselhos não podem ter indicações, direcionamentos, carimbos ou quaisquer formas de interferência na gestão do FIA. Devem respeitar os parâmetros legais da probidade, transparência e impessoalidade sem jamais abrir mão de exercer esse poder! Doação casada é prostituição!
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Forum DCA - Encontro Regional Sul
Nestes dias 5, 6 e 7 de agosto estão reunidos em Curitiba um grupo de integrantes dos fóruns dos três estados do sul, em encontro organizado pelo Fórum Nacional. além do intercâmbio das experiências, este encontro pretende aprofundar as discussões sobre os temas do momento.
Daqui a pouco teremos mais um post com o conteúdo destes debates.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Esquerda e Direita Hoje!
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Pedagogia na equipe interdisciplinar dos Programas Sociais
A psicologia e o serviço social já alcançaram o status de unanimidade para abrirem as tais equipes. Depois disso, as variações são enormes, alguns incluem a educação física, o direito, a arte-educação, a terapia ocupacional e, algumas, a pedagogia. É sobre esta última que gostaria de me estender neste momento.
É difícil de encontrar mas existem - podem acreditar - pedagogos "sociais". Essa situação é comum também a psicologia, onde quase todos os profissionais se formam e se interessam pela atuação em clínica. Na pedagogia isso acontece com a escola. Mesmo quando há a oportunidade para a participação de um profissional da pedagogia na equipe de um programa social, geralmente ele "escolariza" o programa. Na falta de consistência para localizar o objeto da pedagogia, acaba por centrar sua atenção no cotidiano, dedicando-se às práticas e materiais didáticos, como se estivesse em um ambiente escolar. Não que estas questões devam ser desconsideradas mas o papel da pedagogia, ao meu ver, é muito superior. Há um espaço, pouco ocupado, na estruturação e aprimoramento do processo educativo, que exige o conhecimento pedagógico. Os outros saberes participam também, mas são auxiliares neste momento. Cadê os pedagogos sociais para atuarem nisto? Não se trata apenas de executarem um processo pré-montado de PPP (Projeto Político Pegagógico), mas a abertura para a inovação contextualizada do processo específico que cada programa exige.
Este é apenas um aperitivo de uma discussão fundamental que precisa ser feita. Quem quiser participar deste debate, que está só começando, veja no Blog de um parceiro que atua como pedagogo social. Quem conhecer pedagogos de programa, indique o blog para que eles entrem nessa empreitada, que é consolidar o espaço do pedagogo na equipe interdisciplinar dos programas. O Blog do Sidiney é este: http://www.pedagogiadosocial.blogspot.com. Para visitá-lo, clique aqui.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Caso Daniel Dantas explicado para Crianças
Infelizmente este caso, até o momento, está entrando para a história como mais uma situação onde a covardia e a cumplicidade foram maiores que a integridade e o respeito às regras vigentes. Sobraram muito poucos fora da quadrilha de Dantas. Figuras ilustres e, até então, tidas como honestas, foram pegas com a mão na cumbuca. Não que se possa dar a situação por encerrada. Novos capítulos hão de vir. Aguardemos com o que nos resta de esperança!
domingo, 13 de julho de 2008
Aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente: 18 anos
No final das contas, depois de analisarmos todos estes elementos parece difícil se ter uma avaliação positiva deste período. É razoável que alguém mais desavisado, diante disto tudo conclua que não valeu a pena tanto esforço pela aprovação e implementação de uma lei. Trata-se de um equívoco que precisa ser desfeito e nestas horas, é ainda mais importante que retomemos as questões fundamentais do tema.
O Estatuto não contém apenas regras para a atenção à criança e ao adolescente mas sim um conjunto de ações e princípios que exigem a revisão completa dos valores e estruturas de nossa sociedade. Isto é tarefa para algumas gerações e não pode ser avaliado no curto prazo. A idéia de co-responsabilidade entre família, sociedade e poder público pela garantia dos direitos contém o gérmen de um novo horizonte de relacionamentos, ainda distante de nossas possibilidades atuais. Exige um sentido de respeito à diversidade, reciprocidade e comprometimento com a coletividade que são o avesso da cultura vigente.
Um bom ponto de partida para uma avaliação é que cada um considere a maneira que concebe, hoje, uma criança ou adolescente em comparação com a maneira que o fazia quando da aprovação do Estatuto. Até que ponto se relaciona com ela como um sujeito, e mais um sujeito de direitos? Isso não é tão simples como pode parecer. Trata-se de reconhecê-lo na relação – guardadas as devidas proporções de linguagem e experiências – enquanto titular legítima de vontades, opiniões e valores. Até que ponto dedica-se com prioridade absoluta à construção da sociedade proteja integralmente a vida humana, encarnada nas futuras gerações? O imperativo de prioridade não é apenas institucional. Para se concretizar precisa abarcar a todos em todas as dimensões. Isto não equivale a dizer que todos tenham que trabalhar diretamente com o tema. A prioridade não é o atendimento à criança e ao adolescente, mas a garantia de seus direitos. Isto significa trabalhar pela construção do ambiente de desenvolvimento integral que lhes é devido, qualquer que seja a atividade profissional que desempenhemos. Até que ponto cobra dos outros, pessoas e instituições, o respeito às regras estatutárias? Não basta cuidar de si, fazer a sua parte. A construção do Estatuto é tarefa complexa e, portanto, fruto de um grande mutirão. Muitas mãos, fazendo juntos. Se o outro não o fizer, de pouco valerá o esforço de um. A cobrança é tão importante quanto o próprio engajamento. Cobrar do outro sem autoritarismo, talvez seja um dos mais árduos desafios de um tempo que idolatra o individualismo.
Esta é apenas uma das dimensões que precisa ser abordada na análise deste período. Certamente as instituições públicas não podem deixar de ser observadas em seus avanços e retrocessos na implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Trata-se, tão somente, de dimensionar corretamente o desafio para não cair na conclusão fácil de que ainda não saiu do papel. O que está no papel, na forma de uma lei, é apenas um extrato da nova sociedade a ser construída ao longo de algumas gerações. As conquistas até o presente foram menores que as esperadas ou talvez esperássemos mais do que era possível. Encontramos muitos adversários neste caminho e o pior erro que alguém pode cometer é subestimá-los. É hora de renovar o fôlego e retomar a empreitada, sabedores que não alcançaremos a plenitude de sua realização, mas certos também, que a contribuição com este processo pode justificar uma existência e, sem ela, jamais tão ousada meta será atingida.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Carta Aberta dos Procuradores da República contra o Supremo Presidente Gilmar Mendes
Dia de luto para as instituições democráticas brasileiras
1.Os Procuradores da República subscritos vêm manifestar seu pesar com a recente decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal no habeas corpus nº 95.009-4, em que são pacientes Daniel Valente Dantas e Outros. As instituições democráticas brasileiras foram frontalmente atingidas pela decisão liminar que, em tempo recorde, sob o pífio argumento de falta de fundamentação, desconsiderou todo um trabalho criteriosamente tratado nas 175 (cento e setenta e cinco) páginas do decreto de prisão provisória proferido por juiz federal da 1ª instância, no Estado de São Paulo.
2.As instituições democráticas foram frontalmente atingidas pela falsa aparência de normalidade dada ao fato de que decisões proferidas por juízos de 1ª instância possam ser diretamente desconstituídas pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, suprimindo-se a participação do
Tribunal Regional Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Definitivamente não há normalidade na flagrante supressão de instâncias do Judiciário brasileiro, sendo, nesse sentido, inédita a absurda decisão proferida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal.
3.Não se deve aceitar com normalidade o fato de que a possível participação em tentativa de suborno de Autoridade Policial não sirva de fundamento para o decreto de prisão provisória. Definitivamente não há normalidade na soltura, em tempo recorde, de investigado que pode
ter atuado decisivamente para corromper e atrapalhar a legítima atuação de órgãos estatais.
4. O Regime Democrático foi frontalmente atingido pela decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal, proferida em tempo recorde, desconstituindo as 175 (cento e setenta e cinco) páginas da decisão que decretou a prisão temporária de conhecidas pessoas da alta sociedade
brasileira, sob o argumento da necessidade de proteção ao mais fraco. Definitivamente não há normalidade em se considerar grandes banqueiros investigados por servirem de mandantes para a corrupção de servidores públicos o lado mais fraco da sociedade.
5.As decisões judiciais, em um Estado Democrático de Direito, devem ser cumpridas, como o foi a malsinada decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal. Contudo, os Procuradores da República subscritos não podem permanecer silentes frente à descarada afronta às instituições
democráticas brasileiras, sob pena de assim também contribuírem para a falsa aparência de normalidade que se pretende instaurar.
Brasil, 11 de julho de 2008.
Peixes Graúdos não!
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Tomara que não entrevistem o DELEGADO QUEIROZ
Pois o DELEGADO QUEIROZ ainda não apareceu em nenhuma imagem de televisão ou mesmo foto nas publicações de internet. Nenhum jornalista – e olha que nisto são vorazes – conseguiu uma mísera imagem, quiçá uma entrevista com a figura. Pois torço para não a tenham. Se isso acontecer ele será pintado de herói e devorado pelos meios de comunicação de massa. Se ele permitir será solenemente entrevistado no Fantástico ou no Domingo Espetacular, convidado para Tirar o Chapéu no Raul Gil ou até vítima de uma pegadinha do CQC. Prefiro que ele não se deixe levar pelos 15 minutos de fama. Melhor ficarmos com a impressão de que ele é imune a essas vaidades.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Operação Satiagraha: será apenas mais uma alegria efêmera?
O nome da operação, aliás, merece referência especial. Não via até o momento nenhum jornalista oferecer a tradução, mas encontrei uma que me parece bastante interessante. Seria a atitude pregada por Gandhi, como forma legítima de resistir à opressão pela sustentação da verdade e do amor. Seria segundo essa tradução, a resistência pacífica, silenciosa, mas firme e convicta. Mais uma vez a equipe que cria os nomes das operações dando um banho de criatividade.
O que chama a atenção sempre que isso ocorre, e tem ocorrido com freqüência, é que a PF prende e a justiça solta. Isto, aliás, já se tornou quase um bordão diante dessas operações. Dá para pressentir o eco dos comentaristas acusando de inúteis as mesmas, por naturalizar essa máxima.
A Polícia Federal tem em seus quadros pessoas do mais alto gabarito para o trabalho. Apesar disto, advogados regados a ouro, descobrem sempre alguma brecha na investigação para obterem a soltura de seus protegidos. É claro que aí também entram em cena muitos procedimentos escusos, que interferem na aplicação da justiça. Mas será razoável supor que todos os casos em que isso aconteceu, tratou-se de corrupção no processo judicial? Haveria também casos de pura imperícia dos procedimentos investigatórios que facilitaram a defesa, tipo acusação precipitada, sem as respectivas provas, métodos ilegais para obtenção de provas ou equivalentes?
O que me intriga e me deixa indignado, é a naturalização desta situação reforçando o pessimismo comodista de que não adianta nada, sem oferecer quaisquer alternativas. Eu espero neste caso, como já o fiz em outras ocasiões, é que o trabalho tenha sido tão bem feito que dificulte ao máximo a atuação das falsas defensorias. Estas, na grande maioria dos casos estão mais interessadas em encontrar as brechas do que provar a inocência dos acusados, até porque sabem não ser o caso.
Além disto, por óbvio, espero que os mecanismos de vigilância e controle, do próprio Judiciário, do Ministério Público e a própria imprensa consigam coibir as tentativas de macular os procedimentos, que certamente ocorrerão.
Por fim, espero que um dia possamos não apenas comemorar a prisão pela PF de mais uma quadrilha, mas a condenação, com a devolução aos cofres públicos dos valores suprimidos e a adequada penalização dos responsáveis. Pode parecer ingenuidade, mas a vida seria mais fácil se pudéssemos nos preocupar com os problemas mais importantes do que a corrupção.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Inflação como profecia auto-realizável
Agora estamos vendo o aumento dos preços de vários produtos, embora que as cifras nem de longe lembrem os patamares atingidos noutros tempos. A grande imprensa, que Paulo Henrique Amorim apelidou de PiG, interessada em desgastar o atual governo, usa e abusa da expressão "inflação" como uma acusação de fracasso da administração federal. Esse discurso oferece novamente a justificativa para muitos empresários reajustarem seus preços, mesmo que nenhum elemento objetivo o exija. Trata-se de uma oportunidade que o "bom" empresário não pode perder. Se aumentar e acusar a inflação como motivadora, se isentará de quaisquer críticas, como se, aliás, isso fizesse alguma difereça. Assim fica fácil!
Quanto mais se propaga a idéia do retorno da inflação, mais se produz inflação. Esse tostines está sendo a salvação da lavoura de uma oposição sem bandeiras.
Isso não significa, por outro lado, que a atual política econômica esteja em bons rumos e que a oposição é que estaria estragando tudo. Há problemas sérios e que sua superação não é sequer vislumbrada pelas medidas em andamento. O que não podemos é confundir a situação que já ruim com sua piora via promoção da idéia de inflação, que se está observando.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Mais Dicas de Livros online
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Livros de Paulo Freire para Baixar
O Blog chama-se Para Além do Hip Hop e lá tem o link para baixar um arquivo com os seguintes livros:
- Pedagogia da Esperança
- Pedagogia da Indignacao
- Pedagogia diálogo conflito
- Pedagogia do Oprimido
- Política e Educação
- Por Uma Pedagogia da Pergunta
- Professora sim, Tia nao
- A importancia do ato de ler
- Ação cultural para a liberdade
- Cartas a Guinea Bissau
- Conscientização
- Educacao e Mudanca
- Extensao ou Comunicacao
- Medo e ousadia
- Pedagogia da Autonomia
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Apoio ao Fazendo Media
A Pretensiosidade de um Projeto de Sociedade
É cada vez mais raro encontrar alguém que mantenha a pretensão de um projeto de sociedade. Alguém que ultrapasse as questões do dia-a-dia e invista seu tempo e sua energia em pensar alternativas maiores, para o longo prazo. A ideologia dominante pretende que cada um cuide de si, busque se viabilizar da melhor forma possível e se abandone em alguma modalidade de entretenimento para relaxar de vez em quando.
A tecnologização do cotidiano contribui muito para isso. São tantos detalhes novos o tempo todo, coisas a aprender, ferramentas fascinantes sendo criadas... Isso de pensar grande parece inútil, ou mesmo não temos tempo para isso. Se procurarmos nos últimos tempos, honestamente, quanto tempo e quando nos dedicamos a estas questões? Ou nos deixamos levar pela correnteza do cotidiano e consideramos essa uma questão ultrapassada, como querem alguns?
Simplesmente chamar essa situação de alienação é cair no lugar comum que não faz avançar a reflexão. O movimento de autocrítica exige muito mais que uma chamada de atenção. É preciso resgatar o sentido dessa pretensiosidade. Por muitos anos os chavões substituíram essa reflexão. Uma expressão resolvia esta questão e se poderia voltar aos desafios da concretude, que por si já nos absorvem por inteiro. Com o esfacelamento do “muro de Berlim” muitos caíram no golpe do fim das ideologias e acreditam até hoje que não há mais espaço no mundo para um projeto de sociedade. Aceitam implicitamente que tudo está resolvido, doravante restam apenas desafios pessoais, ou no máximo o desafio da sustentabilidade ambiental, quer dizer, se conseguirmos reduzir a agressão à natureza, o resto já está bom. Ou ainda, bom não está, mas não vemos outras possibilidades.
Ousar desejar mais, seja para si, seja para a humanidade não é uma obrigação, é apenas uma possibilidade. Isto é preciso ficar bem marcado para que não se troque de alienação simplesmente. Trata-se de uma perspectiva política e que faz a maior diferença. Alguém que toma para si os grandes desafios do nosso tempo e procura encontrar saídas, mesmo que não as encontre, é uma pessoa diferente. Alguém que veja as mazelas do mundo como um problema seu, que lhe diz respeito, e não apenas acusa ou reclama da situação...
Não estou pretendendo, também que tenha um modelo de sociedade a propor ou que se filie a um grupo específico, que defenda uma ideologia. A questão é chamar para si a pretensão da totalização. Não apenas um aspecto, um lugar, mas o mundo. Este é um desafio grande que faz da pessoa grande. É claro, por outro lado, que não baste pensar um projeto de sociedade, suas atitudes carecem de coerência com o que defender. O desafio não é dizer um compromisso com a humanidade, mas ser esse compromisso!