Algumas conquistas que passam como triviais para a maioria da população e que assim são tratadas pela imprensa, não existem pelo mundo afora. O acesso a medicamentos, mesmo havendo casos em que isso não ocorre, na maioria dos casos está acontecendo mesmo quando o custo destes é assustador. Muitos pacientes esperam demais por internações, tratamentos e exames - o que não deveria ocorrer, mas isso nos causa indignação por que temos a espectativa legal e legítima de que todos tem esse direito. É justamente este aspecto que me chamou a atenção.
Vi uma matéria na TV SUR (TV Venezuelana com transmissão ao vivo pela intenet, clique aqui) sobre um protesto nos Estados Unidos contra o governo Obama, que pretende esabelecer um seguro de saúde público para quem não possa contratar um no "livre mercado". Uma liderança da manifestação ouvida pela reportagem dizia que "O seguro saúde tem que ser uma possibilidade e não um direito!". Soa estranho para nós brasileiros alguém se manifestando nas ruas contra um direito, ainda mais o direito à saúde mas é assim na maior parte do mundo.
O panfletário mas indispensável documentário de Michael Moore, denominado "Sicko" já abordou o assunto com toda a riqueza e carga emotiva. Quem ainda não assistiu o faça urgentemente.
O SUS precisa de toda e da mais aguda crítica e de nosso esforço para seu aprimoramento mas é lamentável ver a grande imprensa e mesmo populares com afirmações rasteiras e inconsequentes de que ele "não funciona" ou de que é "só teoria". O que estes consideram o óbvio é uma preciosidade e nos custa muitíssimo enquanto sociedade.
Vejamos os hospitais superlotados e com pessoas recebendo péssimo atendimento, que sequer isso teriam em outros países. É claro que isso tem que ser superado. Tem que atender a todos e com qualidade! Disto não se pode abrir mão por estas terras. Há condições para que isso ocorra. Isto contraria muitos interesses, desde os próprios seguros privados, que querem o SUS cada vez mais sucateado para que tenham espaço para espandir-se, aos profissionais que são mal remunerados pelo SUS e que por isso não o valorizam e reproduzem a máxima de "atendimento pobre para pobres".
Há muitos atendimentos sendo realizados a contento e isso precisa ser destacado e replicado por todo o sistema. As equipes de saúde da família tem recebido aprovação popular em quase todos os lugares em que estão atuando. O atendimento aos pacientes oncológicos, aos portadores de HIV e diversos outros tem sido referidos pelos próprios, muitas vezes, de forma comovente. Sem dúvida que é pouco e não podemos nos contentar com pouco mas é grande coisa e isso precisa ser reconhecido.
Um comentário:
Estou aqui manifestando minha grande admiração por este blogueiro, o qual venho acompanhando todos os seus artigos e cada vez mais reconhecendo seu bom senso e responsabilidade na hora de expressar suas opniões, pois é um grande formador. Lendo seu comentário sobre o SUS, gostaria de assinar em baixo dizer que passei esta semana por uma situação onde precisei utilizar dos serviços deste sistema que muitos julgam falido... e não fui atendido. No início a indignação e revolta, sentimento que temos o direito e não podemos usar, Sensação ésta que com certeza não é só minha. Mas lendo este artigo, conversando com pessoas mais esclarecidas como o irmão deste blogueiro, um grande pediatra e conhecedor do assunto, vem a pergunta que agora não me deixa mais em paz... o que eu estou fazendo para que o sistema funcione..? só estou reclamando e deixando a decisão nas mãos de quem o interesse maior é não atender e se beneficiar com isso...? ou vou participar, buscar conhecimento sobre o asunto, tentar ajudar, fazer parte do problema... Claro empre haverá alguem que diga "Eu tô pagando !" vou levntar e buscar algo em que eu possa ajudar, fazer parte do sitema, pois se não quem vai falir sou eu... Célio, Parabéns e um Abraço.
Valdinei Costa.
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