segunda-feira, 4 de julho de 2011

Trabalho Infantil Doméstico

Situação extremamente grave, mas muito difícil de mensurar são as crianças e adolescentes submetidos ao trabalho doméstico. Teria sido ótimo se esta matéria incluísse a história de um destes ou destas trabalhadoras. Geralmente meninas, recebem a delegação de cuidar da casa e de irmãos menores para que os pais trabalhem. Isto acontece aos oito ou nove anos, em alguns casos. Há relatos até mais drásticos, de uma menina de seis anos que, além de cuidar da casa, era a responsável por sua avó, acamada e completamente dependente. A menina tinha que dar remédios, cuidar da higiene da idosa e ainda manter a casa.

Chego a acreditar que este número seria ainda maior que aqueles que trabalham nas ruas. Pais cheios de cuidados, preocupados com suas famílias e que não consideram um problema, afinal, sua filha está em casa e não nas ruas ou com más companhias. Como não há relação financeira neste trabalho, para a maioria das pessoas nem é considerado enquanto tal. A visão míope do senso comum, ainda admite o trabalho nas situações de miséria por não vislumbrar alternativas para a família. Como ficam no "fazer o que, né?", sem que lhes sejam apresentadas as ações viáveis e comprometida com a conquista de direitos dessa família, desconsideram completamente o comprometimento do futuro destas pequenas brasileiras.

Crueldade? Não creio que seja. Trata-se mais propriamente de alienação que o faz cumplice do status quo. É preciso investir num processo de educação política que desvende o olhar e os empodere para o enfrentamento deste quadro. Isto é diferente da mera pregação ideológica. Trata-se do fornecimento de instrumentos reflexivos para que cada um se defina diante do projeto de sociedade que queremos. É condição para pensarmos a democracia e começarmos a construí-la.

É claro que a informação e a formação tem potencial transformador, mas isso é uma decorrência do fato, uma aposta mais especificamente. Não é legítimo distorcer a realidade para privilegiar seu ponto de vista, mas desvendar o mundo, expondo suas entranhas de maneira honesta é importante e justo. Sobrarão sempre controvérsias sobre as informações utilizadas, mas o ganho em termos de capacidade crítica e organizativa serão irreversíveis.

O compromisso ético-político com o futuro destas meninas não pode nos abandonar jamais. É preciso sentir o amargo na boca por sermos todos cumplices desta situação. Não basta a comoção piegas ao ler a reportagem. É preciso mais, mas em que direção é uma questão a ser respondida por cada um. Qualquer que seja a recomendação de ação genérica será mero messianismo, por desconsiderar a história de cada um e seu lugar na sociedade atual. Não há receita e isso é maravilhoso. Temos que construir coletivamente as alternativas. Com nossa diversidade poderemos ter ainda mais alternativas...

* Este texto foi postado como comentário de uma matéria publicada no Blog do Nassif. Achei que pode interessar a leitura de mais alguém

terça-feira, 21 de junho de 2011

"Ele nega as acusações"

Agora há pouco eu lia uma matéria jornalística na qual uma pessoa era acusada de um crime e onde, por parágrafos e mais parágrafos se detalhava o "suposto" crime cometido pelo "suposto" criminoso. Ao final do texto, como que para cumprir um ritual profissional, uma espécie de "outro lado", afirmava que o acusado nega as acusações.
Fiquei imaginando o sorriso cínico do jornalista ao escrever estas palavras... Depois de deitar e rolar, incluindo aí o exercício da criatividade das insinuações, acusações anônimas ou identificadas, pareceres genéricos de especialistas, recursos gráficos e notas explicativas, do tipo "entendendo o caso", onde em poucas linhas se tinha a montagem do raciocínio recomendado para a história, um ". "resumo executivo"; ele insere a praxe que o isenta de uma eventual cobrança por suas leviandades.
Estava lá, escrito no próprio texto, nem precisava nem adiantava pedir direito de resposta. O acusado foi ouvido. Por óbvio, negou as acusações, tanto faz se por ser inocente e ter todos os motivos para contestar cada item apontado, ou se por ter praticado o crime e não querer confessá-lo. A segunda hipótese ficará soando na cabeça do leitor, ou expectador. "Ele fez e agora ainda tem a cara de pau de negar as acusações!"
Com que prepotência um sujeito comete tal assassinato de reputação? Tendo ou não cometido um crime, quem confere ao jornalismo o direito de impingir à pessoa tal detratação? Em algum momento, algum regulamento, escrito na forma de lei ou não, definimos que vamos enxovalhar aquele que cometer um crime? Queremos ver a pessoa exposta aos olhos devoradores da população, guiados pelos escrúpulos dos jornalistas?
E se um dia, com ou sem motivo, tiveres a desgraça de ser o acusado. De repente, nem sei por que circunstância, ficar no olho do furacão da notícia, acusado de ter cometido um crime? Suponhamos os motivos mais vís, apenas para estabelecermos uma referência. De caso pensado, por uma vingança pessoal, por exemplo, alguém procura um jornalista (ou até por iniciativa própria de um deles) e o acusa de ter tramado a morte dos pais para ficar com uma herança. Imaginou o horror que poderia ser montado e o inferno que isso iria transformar a tua vida? Não seria difícil construir um enredo convincente. Observe que não se está afirmando que matou os pais, porque isso seria facilmente desmascarado. A acusação tem um grau de insinuação de difícil comprovação e, por implicação, difícil contestação. Dizer "mas eu não fiz isso", não convenceria ninguém. Responder que ao acusador cabe o ônus da prova, como diz a máxima jurídica, seria o quase um equivalente a uma confissão na próxima "reportagem" ou na edição seguinte do periódico.
Vejam bem, não estou fazendo uma acusação concreta a um jornalista, o que implicaria em ter que provar a má-fé, mas estou chamando à nossa reflexão o risco que corremos na forma que estamos procedendo. É fundamental a liberdade de expressão como garantia da democracia. A censura, por menor que seja, é uma agressão, mas é indispensável um mecanismo mais agudo para cobrar a responsabilidade da imprensa. Que não se fale em imposição de "auto-censura" na medida em que a penalização do jornalista teria que seguir todo o trâmite judiciário. Se este não é adequado ou suficiente, não tem sido para todos, especialmente para aqueles que não tem recursos para pagar um advogado-celebridade, para não falarmos em "bons advogados", que implicaria em acusar os demais de não serem tão bons. Para fazer uma boa defesa, bem fundamentada, com dedicação é mesmo necessário cobrar a fortuna exigida por algum deles? O que justifica o valor, que não a grife de sua assinatura?
Eu sinceramente espero nunca estar na pele de alguém sub-julgado a negar acusações. Não há crueldade maior do que daquele que tem a certeza da impunidade!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Contribuição: Coisas que Aprendi na Vida

Recebi este texto como contribuição ao Blog, da Adriana Freitas de Carvalho. O autor é desconhecido mas o texto vale a pena:

Coisas Que Aprendi na Vida

Aprendi que não importa o quanto eu me importe, algumas pessoas simplesmente não se importam; que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isto; que levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la; que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias; que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pela vida inteira; que o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida; que não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam; que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa; que devemos deixar sempre as pessoas que amamos com palavras amorosas.Pode ser a últimas vez que a vejamos; que as circunstâncias e o ambiente têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmo; que não devemos nos comparar com os outros, mas com o melhor que podemos fazer; que não importa onde já cheguei, mas para onde estou indo; que leva muito tempo para eu me tornar a pessoa que eu quero ser; que posso ir mais longe depois de pensar que não posso mais; que ou você controla seus atos ou eles te controlarão; que paciência requer muita prática; que existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem demonstrar isso; que meu melhor amigo e eu podemos fazer qualquer coisa, ou nada, e teremos bons momentos juntos; que algumas vezes a pessoa que espera que o chute quando você cai, é uma das poucas das que lhe ajudarão a levantar, que há mais dos meus pais em mim do que eu supunha; que quando estou com raiva, tenho direito de estar com raiva. Mas isto não me dá o direito de ser cruel; que só porque alguém não o ame do jeito que você quer, não significa que não o ame com tudo o que ele pode; que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes você tem que aprender a si perdoar.