quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Girando no Redemoinho: Até onde vai parar a crise econômica?

A maioria de meus amigos não tem conhecimento para entender a dinâmica da atual crise econômica. Eu também não tenho formação suficiente para compreender a totalidade. Apenas estou me esforçando para acompanhar os movimentos principais e ensaiar alguns raciocínios sobre o assunto, a partir da leitura de análises especializadas. Assim, vale a ressalva, as questões que aponto sobre o assunto, são limitadas à fragilidade do blogueiro. Mesmo assim, se lhe interessa esta forma de ler o mundo, eu faço questão de disponibilizá-la. Fique à vontade.

No último final de semana acompanhamos atentos, um movimento histórico de lideranças de Estados reunidos para articular providências. O sobe e desce das bolsas estão causando vertigem a quem está prestando atenção nisso. Por mais que se façam esforços para entender ou prever movimentos, as explicações estão sendo sempre insuficiente para apontar uma saída. O anúncio de que os Países comprariam ativos dos bancos em dificuldade gerou uma grande euforia no início da semana a ponto de alguns já ensaiassem “o pior já passou”...  A nova queda geral mostrou a fugacidade das medidas tomadas. Não adianta injetar capital. Se não houver alteração na lógica que está regendo o mercado, os resultados serão pífios. O fato de terem mais capital para aplicar, não convence alguém a fazê-lo. É preciso que ele tenha a confiança que aplicando ele terá um resultado melhor do que se segurar seus recursos. Segurar, neste caso, significa comprar títulos da dívida pública, por exemplo, que é um tipo de aplicação “no governo” e não na produção. Os altos juros pagos pelo Poder Público incentivam este tipo de compra. Ocorre que assim a roda não gira... Há queda na produção e no consumo e acontece o que se pode chamar de recessão.

O poder de decisão sobre a aplicação dos capitais é dogma no atual sistema econômico e enquanto isso permanece, a economia fica reduzida a um cassino onde o alvo é maximizar o lucro, sem absolutamente nenhum compromisso com o reflexo disso na realidade... Ainda ontem um fato importante sobre isso: empresários e o governo holandês pediram ao Conselho da Comunidade Comum Européia que flexibilizasse (leia-se reduzisse) os limites à emissão de gases que comprometem a camada de ozônio. Sarkozy, que neste momento acumula a França e a Comunidade Comum, respondeu com uma elegância espantosa que os danos econômicos, mais cedo ou mais tarde serão reparados. Os danos à camada de ozônio são permanentes e por isso não é possível flexibilizar. As metas estabelecidas em acordos da Comunidade Comum exigem pesados investimentos no combate à poluição e aprimoramento dos processos produtivos que ficaram mais difíceis no momento. Se permitisse, o conselho estaria jogando para as gerações futuras a conta pelos erros da presente e da passada. Deixaríamos o mundo ainda mais degradado em troca de mais recursos no presente para lançar na fogueira da especulação.

Estamos todos observando por dentro o rodar de um redemoinho. Não temos forças acumuladas para superar o modelo capitalista. Ele nunca respondeu suficientemente às demandas humanas mas, por muitos anos se conseguiu empurrar o problema mais para frente, como se isso fosse sempre possível. Parecem as tais correntes da fortuna, em que todos continuarão ganhando enquanto encontrarem novos adeptos. Só que um dia isso não dá mais certo... A progressão geométrica não é infinita, neste caso, porque no limite exigiria que o cachorro mordesse o próprio rabo. O espírito competitivo, que é pregado como a essência desse jogo, é seu próprio veneno. Não cabem todos no topo porque neste caso ele deixaria de ser topo.  Muitos tem que perder para alguém ganhar, senão não há competitividade, haveria é partilha. Sendo um jogo, uma competição, ele se caracteriza pela perda da maioria e não pela vitória de uns poucos. Isso é só uma questão de onde se vê o mesmo fenômeno. Se vir do ponto de vista da maioria, que equivale a ver o mundo do ponto de vista popular, competir é promover a derrota da maioria!

Por que diabos assumiríamos o ponto de vista do vencedor? Quem nos autoriza a tamanha arrogância? Ou seria apenas uma aposta alta, de quem espera estar no lado privilegiado da balança, e não é dotado de nenhum escrúpulo?

O mais provável é que haja uma re-acomodação do capital, sem alterar a lógica. Como sabemos, não temos elementos na conjuntura que mostrem forças para uma reversão. Trata-se tão somente de uma crise nesta lógica, mas não convém subestimar sua capacidade de encontrar saídas repassando as perdas para os trabalhadores, como sempre... Pouco podemos fazer, mas convém estarmos atentos. O pior cenário é aquele do qual não tomamos conhecimento. Certamente nossos interesses estarão ainda mais ameaçados.

Um comentário:

Sandra Inês Sangaletti disse...

Eu é que devo agradecer, pois foi aceitando as suas provocações que me arrisquei.Espero contribuções...bjs